quarta-feira, maio 13

Não crítica : Bullying na Figueira da Foz

Vídeo gera revolta nas redes sociais


Isto continua a ser algo que parece uma novidade para muitos, e hoje toda a gente se revolta e tem vontade de agir e tudo mais. Há 14 anos atrás eu fui vitima de bullying, naquela altura o nome ainda não existia, era mais assim: Ele que se aprenda a defender, são miúdos, ou então: Uma funcionária para a minha mãe –“Nós bem o vemos a levar porrada mas não podemos fazer nada.”Ou ainda, (por parte dos agressores):”Ele tem uma cara bolachuda que só da vontade é de dar murros e como é tão protegido pelos pais ainda dá mais vontade.” No meu tempo nem com a Policia “Escola Segura “ (Aqueles 2 que para lá se passeavam eram tão úteis como uma lata de atum vazia para matar a fome) me sentia seguro, uma vez um desses polícias disse-me após fazer queixa de um espancamento: “Para a próxima dá lhes um pontapé nos tomates que isso deixa de acontecer”. Algo que é muito fácil de fazer quando se está rodeado por 3 ou 4 gajos maiores do que tu e todo o resto da turma se digna a olhar (o que é perfeitamente normal) enquanto tens os braços e pernas presos por cada um deles, muito fácil, como nunca me lembrei? 

A sociedade não estava preparada para este tipo de situações. E no meio de isto tudo quem crítico, não são os agressores que viviam numa família disfuncional e que era maltratados ou viviam em famílias aparentemente funcionais mas que não lhes era dado o devido carinho e atenção, mas critico sim, os directores os professores os funcionários os polícias, alguns pais, em geral a escola, que não foram capazes de fazer nada por mim nem por outras vítimas. Culpo a sociedade. Sociedade que incrivelmente, passados 14 anos continua a não estar preparada nem a saber lidar com este tipo de situações.

Se não fosse a estupidez destas crianças em registar e partilhar o momento nas redes sociais, isto teria passado em branco como tudo aquilo que me aconteceu e como tudo o que  continua a acontecer com muitas crianças pelo mundo fora.

Ainda hoje sinto uma grande revolta por tudo aquilo por que passei na ESCOLA BÁSICA DA QUINTA NOVA DA TELHA e esta revolta nunca ninguém me a vai poder tirar. Estas situações que ultimamente têm sido divulgadas impedem-me de continuar sem escrever aqui. Até já me sinto melhor por este desabafo.

Termino com uma frase do grande cineasta João César Monteiro no filme Fragmentos de um filme esmola “A escola é a retrete cultural do opressor”. Não podia estar mais de acordo em todos os significados que esta frase tem.

Se acharem que devem partilhar este post, façam-no. Como eu, há muitos.